Recorded and Mixed by Fernando Sanches at Estúdio El Rocha, São Paulo, 2019.
Mastered by Scotty Hard, New York
Originally released digitally by DESMONTA, Brasil.
Released on vinyl by BOKEH VERSIONS, UK.
º
Mauricio Takara is an explorer of rhythmic regions, and tireless lover of electronics of all kinds. He plays drums/percussion with the bands Hurtmold and São Paulo Underground (with trumpeter Rob Mazurek from Chicago). With these bands he´s released many records and has played all over, including festivals like Sonar, SXSW, Saalfelden Jazz, Belgrade Jazz Festival, Club Transmediale, etc. Takara is also very active in Sao Paulo´s improvising and experimental music scene and has played with a wide range of musicians such as Pharoah Sanders, Damo Suzuki, Yusef Lateef, Joe Lally (Fugazi), Naná Vasconcelos, Prefuse 73, Makoto Kawabata, among many others.
In his solo work he uses drums and percussion in connection with synthesizers and electronic effects, exploring the more abstract as well as melodic side of rhythms and percussive sounds.
Carla Boregas was born and raised in São Paulo, Brasil. Interested in
encounters and situations that can occur through sound practices, she
explores the manipulation of synthesizers, bass, pre-recorded and
electroacoustic sounds with a textural approach and focus on repetition, creating a warm immersive sonic universe and also expansive soundscapes, both in her solo work or in collaboration with other artists.
She started her self-taught path through the sound universe in 2011, when she co-founded the genre-bending group Rakta, which has several records released and performed extensively in South America, USA, Europe, Mexico and Japan.
As a solo artist, she has performed in São Paulo, Tokyo, Toronto and México City.
Carla is also part of the transdisciplinary duo Fronte Violeta.
Photo : Ivi Bugrimenko
--------------------------
Ao ouvir pela primeira vez esse Linha D'Água inteiro, uma frase de um poema do João Cabral de Melo Neto ecoava. "Os rios que encontro vão seguindo comigo." Talvez por conta do título ou da delicadeza da abertura da faixa título, com seu som de água corrente, algo como uma constante que é preenchida por uma bateria aberta, jazzística sem ser impositiva, e pelo som do sintetizador crescendo aos poucos, criando um clima sinestésico, de um aconchego desassossegado.
Linha D'Água é um disco de explorações e descobertas, de curiosidade e diálogo, e talvez mais do que tudo, uma grande homenagem ao encontro, à parceria, ao construir junto. As oito faixas foram gravadas num único dia no estúdio, mas é fruto de mais de dois anos de colaborações.
Algo natural se pensar que o espírito colaborativo é um traço da carreira dos dois. Takara vem do Hurtmold, mas, além de seus discos solo, e de projetos como São Paulo Underground, sempre esteve aberto a improvisações. Carla é a baixista do Rakta, mas também sempre se apresentou solo e tem o duo Fronte Violeta.
É dessa troca e dessa intimidade que nasce Linha D'Água, mas em duo eles exploram um caminho único, com um procedimento bastante interessante. A partir da bateria, Takara dispara melodias e, com o sintetizador, Carla vai esculpindo o som. O mais bonito desse jeito de tocar é gerar um efeito colateral excepcional, que é eliminar o caráter mais egóico da improvisação livre. O resultado é um som realmente colaborativo, duas vozes que se complementam, que se respeitam, deixando as ideias fluírem.
E Linha D'Água é cheio de boas ideias. Às vezes elas estão mais próximas à música ambiente, como na faixa título, em Mãe D'Ouro e Bocca Chiusa, às vezes esbarram do free jazz, como em Traçado Entre Duas Linhas. Há momentos em que exploram um universo de tensão que chega próximo à música cósmica alemã dos anos 70, como em Rosa de Areia e Constante de Distância, em outros evocam os sons metálicos do gamelão indonésio e aí Execução é o melhor exemplo.
Escolhi usar ideias próximas porque esse não é um disco calcado em gêneros. Antes é um álbum que navega por atmosferas, por explorações. Claro que a percussão tem um peso grande, tanto como alicerce quanto como comentário lírico, mas o bonito aqui é que ela só tem a oportunidade de soar estrutural e melódica a partir da modelagem sonora dos sintetizadores. Por isso penso tanto na frase do João Cabral, porque é bastante emocionante ver os rios que carregamos conosco desaguarem em um lugar comum.
Maurício Takara and Carla Boregas are prominent figures in the Brazilian underground. The two musicians have performed with
each other so frequently that there’s a depth and fluidity that blurs the lines between their roles; Takara’s percussion pushes and pulls rhythmic explorations and Boregas fashions each sound to create and alluring glow of resonance, ASMR rustling and warm bass....more
The first release on Cacophonous Revival, from experimentalist Samuel Goff, uses avant-garde approaches to get at personal narratives. Bandcamp New & Notable Feb 4, 2020